No ar como o malandro Galdino da novela, ator integra também o elenco de 'Homens', projeto que irá ao ar em março pela plataforma de streaming da Amazon.

Em 2016, Gabriel Godoy fez sucesso nas telinhas como o trambiqueiro Leozinho de “Haja Coração”. Três anos depois, ele volta para as novelas na mesma levada, mas em versão mais “underground”, como define o ator. Em “Verão 90”, ele é Galdino: o malandro vive de bicos e topa tudo por dinheiro.

“O Galdino é mais underground, sujo, inconveniente. É um personagem difícil, porque ele é malandro e tem uma inteligência, que vem de onde? São camadas que ainda estou tentando entender e captar”, explica Gabriel ao G1.

“Fiquei bem atento para diferenciar a busca desse universo em outro lugar, mas é algo que o próprio texto dá”.

Nostalgia no ar

O ator de 35 anos entra num clima de nostalgia ao reviver sua infância da vida real na novela, que resgata o ambiente da década de 1990. Embora ele garanta que não tenha levado nenhuma experiência própria para a trama.

Ele cita memórias da infância como o impeachment do Collor, a eliminação do Brasil na Copa da Alemanha pela Argentina, além das mortes de Cazuza e de Renato Russo.

“Esses dias fui no show do André Frateschi em homenagem ao Legião Urbana e fiquei emocionado. Porque aprendi a tocar violão com revistinha de cifra, que é super anos 90, com música do Legião”.

“E das novelas, lembro muito de ‘Top Model’, por causa daquela versão do ‘Hey Jude’ em português, que era umas das coisas mais bregas incríveis.”

“Quando criança a gente não é racional, vive o presente com mais facilidade. Sinto que quanto mais velho, mais medroso vou ficando”.

Gabriel Godoy no papel de Galdino em "Verão 90". Na foto, ele posa com Vanessa (camila Queiroz) e Jerônimo (Jesuita Barbosa)  — Foto: Globo/João Cotta
Gabriel Godoy no papel de Galdino em “Verão 90”. Na foto, ele posa com Vanessa (camila Queiroz) e Jerônimo (Jesuita Barbosa) — Foto: Globo/João Cotta

Série sobre machismo

Galdino não é o único papel de Gabriel para 2019. Antes da novela, ele participou dos longas “Incompatível” e “Maior que o mundo”, com lançamentos no primeiro semestre.

Também gravou cenas da série “Homens?”, do Comedy Central, canal da TV por assinatura. A produção criada por Fábio Porchat estará a partir de março no serviço de streaming da Amazon.

“A série faz uma provocação a um tema em alta e que necessita ser falado, que é o machismo, deixando o homem no lugar de ignorante e inconveniente. E no lugar do brocha, que é um lugar que homem se sente fracassado.”

Elenco da série "Homens?": Gustavo (Gabriel Godoy), Pedrinho (Raphael Logam), Pedro (Gabriel Louchard) e Alexandre (Fábio Porchat) — Foto: Divulgação
Elenco da série “Homens?”: Gustavo (Gabriel Godoy), Pedrinho (Raphael Logam), Pedro (Gabriel Louchard) e Alexandre (Fábio Porchat) — Foto: Divulgação

A turma da série tem Gustavo (Gabriel Godoy), Pedrinho (Raphael Logam), Pedro (Gabriel Louchard) e Alexandre (Fábio Porchat). Rafael Portugal interpreta o pênis de Alexandre.

“Imagina o que foi gravando… A gente chorava!”, relembra Gabriel sobre o personagem inusitado.

O ator descreve Gustavo, seu personagem, como um imbecil. E acredita que será muito bacana o fato de a série mostrar como o “homem ainda é ignorante nesse conceito” de machismo.

“Espero que a arte sirva pra propor uma reflexão interna de cada homem e justiça para os homens maldosos. Não dá mais para aceitar”, dispara o ator. Ele também participou da série “Assédio”, série inspirada no livro sobre o médico Roger Abdelmassih.

Além de tratar o tema na ficção, Gabriel também usa suas redes sociais para debatê-lo.

“Sou o irmão do meio de duas mulheres. Então tive uma criação um pouco mais feminina. Mas sempre detecto o machismo impregnado na minha cultura, na minha geração. Não podemos parar de falar sobre isso. Inclusive gosto de usar as redes pra expor esses assuntos.”

‘Em manutenção’

Gabriel Godoy — Foto: Edu Rodrigues|Gabriel Godoy — Foto: Edu Rodrigues

Gabriel se diz intenso, sensível e conta que, se pudesse, andaria com uma placa no peito escrita “Em Manutenção”.

“Me interesso por pessoas que buscam querer melhorar, evoluir, entender. O artista deveria sempre ter essa sede pelo outro e pela evolução. Sou um imperfeito que busca evoluir.”

“Agora, está bem puxado viver esse ano”, diz o ator, antes de citar uma das tragédias que marcou o país no início de 2019: o incêndio no Centro de Treinamento de atletas de base do Flamengo, que deixou 10 mortos.

“É muito triste essas coisas por causa de erro humano. Essa tragédia do Flamengo. A galera fala: ‘Força, Flamengo’. O culpado é o Flamengo! Tem que ser: ‘Força, família dessas pessoas’. Um clube com milhões de reais que coloca jovens em container… Força Flamengo, não!”, desabafa.