Cantor participa do SXSW e aposta na derrubada de estereótipos para a expansão de ritmos brasileiros para outros países.

O cantor Filipe Catto se apresentou nesta segunda-feira (12) no South by Southwest (SXSW), festival que acontece em Austin, nos Estados Unidos. Ele ainda tem outros dois shows no evento, e comemora a oportunidade de mostrar a arte brasileira de uma maneira mais versátil do que os estrangeiros conhecem.

“Durante muito tempo, o artista brasileiro tinha uma limitação muito grande de se expressar no mundo, porque tudo que se sabia de Brasil era muito estereotipado”, disse Filipe ao G1.

Para ele, os artistas brasileiros das novas gerações, que cresceram e iniciaram suas carreiras já em meio ao avanço da internet, têm mais naturalidade para transitar na cena musical estrangeira. “A gente cresceu cantando em várias línguas, a gente tem uma naturalidade de estar aqui e no mundo de uma forma muito mais fluida, e isso é parte do nosso trabalho”. Mas ele ressalva que ainda há dificuldades a serem superadas.

“O Brasil tem muito a ensinar, apesar de a gente viver num país extremamente desigual, extremamente religioso e careta – muito careta -, e muito violento com as minorias”, avalia ele. “O Brasil tem que sair do século 20, parar de votar nas pessoas do século 20, olhar para as pessoas do século 20.”

A culpa pela “caretice”, para Filipe, é a falta de educação no país. “Eu acho que o Brasil é conservador porque é um país carente de educação. O Brasil não é careta porque é natureza do brasileiro, pelo contrário.”

“A natureza do brasileiro é ser transgressor, inventivo, ser criativo, pensar fora da caixa, fazer as coisas acontecerem de uma forma quase mágica. Essa é a nossa viagem. Só que ao mesmo tempo há a falta de autoestima que a falta de educação traz – porque uma pessoa, para ter autoestima, ela precisa ter educação do próprio valor”, analisa o cantor.

Minorias representando o Brasil

 

Além de Filipe, também está se apresentando no SXSW a cantora Liniker, em sua segunda vez no festival. “Eu fico feliz de ver quanta gente está se mexendo para que esse festival continue acontecendo não só com influência americana, mas também de outros lugares”, disse ao G1.

Ao lado de Liniker no festival, que reúne artistas, empresas e público de diversos países, Filipe aponta que “é muito simbólico e muito potente que os artistas que estejam fazendo essa interlocução sejam artistas da diversidade”. Ele acrescenta: “A gente é de uma geração que veio para quebrar os estereótipos.”

Filipe finaliza defendendo que “a gente está vendo uma primavera artística, uma primavera política, uma primavera do discurso, que precisa ser reconhecida como autêntica”.