“Brincadeira de guerra /

Revolvinho na mão /

Os seus ídolos estão ao lado /

O futuro é incerto /

O que pode fazer trancafiado /

Morrer /

No morro não tem play /

No morro não tem playground”

Os versos da música No morro não tem play foram escritos no início da década de 1990 pelo compositor carioca Ivo Meirelles e lançados há 25 anos na voz quente da cantora conterrânea Sandra de Sá em gravação feita para o álbum D’ Sá (1993). Ao versar sobre a violência cotidiana nas favelas, sobretudo nas comunidades da partida cidade do Rio de Janeiro (RJ), Meirelles escreveu letra que continua atual, como mostra o noticiário diário sobre embates entre policiais e bandidos.

Por isso mesmo, o compositor recicla No morro não tem play em gravação feita com o Funk’n Lata para #21, álbum ainda inédito em que o artista revive o grupo de percussão que criou em 1995, no Morro de Mangueira, para tocar mix de funk, rap e samba com instrumentos típicos de escolas de samba. Gravado com a adesão de Roberto Frejat, guitarrista carioca ligado ao rock que há 22 anos participou do primeiro álbum do grupo de ritmistas, Funk’n lata (1996), o single No morro não tem play desembarca nas plataformas digitais em 23 de março.

Trata-se do quarto single do álbum #21. Frejat foi convidado por Meirelles para que a música ganhasse pegada roqueira, sem tirar o foco da letra. “A paz nos morros do Rio sempre teve prazo de validade. Eu sempre compus e cantei sobre esse tema, mas a verdade é que esse discurso não gera interesse da sociedade. Ser criança num morro carioca é andar no fio da navalha”, sentencia Meirelles, cuja vivência no Morro de Mangueira se iniciou na década de 1970.

Além de Frejat, o álbum #21 agrega nomes como Carlinhos Brown, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Leandro Lehart, Samuel Rosa, Sandra de Sá e Seu Jorge, além da banda holandesa Bernie’s Lounge e dos grupos de pagode Bom Gosto e Molejo.