A pele do futuro é o título do 40º álbum da discografia de Gal Costa. O nome do álbum – cuja previsão de lançamento passou de agosto para setembro porque a gravadora Biscoito Fino pretende lançar simultaneamente A pele do futuro em CD, LP e edição digital – foi extraído da letra da música Viagem passageira, inédita canção filosófica composta por Gilberto Gil especialmente para o disco gravado por Gal neste primeiro semestre de 2018 com produção musical de Pupillo e direção artística de Marcus Preto.

Nos versos da balada, o poeta baiano vislumbra um tempo “finalmente estilhaçado (…) liso, sem o fuso horário”, em plano transcendental da existência humana, já sem “a incerteza do binário”. Eis, na íntegra, a letra da canção feita por Gil para Gal:

Viagem passageira

(Gilberto Gil)

O sonho é ter tudo resolvido

Com o passar do tempo pela vida

A casca da ferida se formando

A cicatriz na pele do futuro

A pele do futuro finalmente

Imune ao corte, à lâmina do tempo

O tempo finalmente estilhaçado

E a poeira sumindo no horizonte

O sonho é ter tudo dissolvido

O corpo, a mente, a fonte da lembrança

Enfim, ponto final na esperança

Somente as ondas soltas no oceano

Não mais o esperma e o óvulo da morte

Não mais a incerteza do binário

Um tempo liso sem o fuso horário

Não mais um sim, um não, um sul, um norte

O sonho dessa canção passageira

Mochila da viagem passageira

Passagem nessa vida passageira

Para uma vida ainda passageira

Primeiro álbum de estúdio da cantora baiana desde Estratosférica (2015), A pele do futuro concilia no repertório músicas de compositores da presente geração – como Silva e Omar Salomão, parceiros do single Palavras no corpo, e como César Lacerda, autor da melodia de Minha mãe, posta sobre poema de Jorge Mautner e gravada por Gal em dueto com Maria Bethânia – com temas da lavra de compositores importantes no passado glorioso da artista.

Além da balada filosófica de Gil, o repertório do álbum A pele do futuro inclui músicas de Adriana Calcanhotto, Djavan (o samba Dentro da lei), Erasmo Carlos (Abre alas do verão, parceria com Emicida), Guilherme Arantes (Puro sangue – O libelo do perdão) e Nando Reis (Mãe de todas as vozes).

Compositor baiano associado ao soul nacional dos anos 1970 e até então nunca gravado por Gal, Hyldon também tem música incluída no repertório inédito do álbum A pele do futuro.