'Na minha casa ninguém bebe, vou beber sozinho?', diz cantor, com novos hábitos desde cirurgia em 2014. Ao G1, ele fala sobre rotina, samba, Copa e o espetáculo que chega neste sábado a SP.

Zeca Pagodinho tem levado uma vida mais saudável. O cantor e compositor carioca, que já foi garoto-propaganda de uma rotina regada a cerveja, adotou novos hábitos e perdeu peso depois de passar por uma cirurgia na coluna, em 2014. Ele diz ao G1, por telefone:

“Continuo cervejeiro, mas quando chego em Xerém, porque lá tem gente pra caramba. É difícil beber na Barra. Na minha casa ninguém bebe. Vou beber sozinho?”

Zeca mora na Barra da Tijuca, bairro nobre da Zona Oeste do Rio. Mas nunca abandonou seu famoso sítio em Xerém, na Baixada Fluminense.

Ele sai da dieta nas reuniões no quintal com os amigos, com quem diz tomar “umas 20 caixas de cerveja”, e nos encontros na casa na Barra, “com muita comida pesada”.

Zeca Pagodinho corta uma fatia de queijo branco em foto publicada no Instagram (Foto: Reprodução/Instagram/Zeca Pagodinho)
Zeca Pagodinho corta uma fatia de queijo branco em foto publicada no Instagram (Foto: Reprodução/Instagram/Zeca Pagodinho)

‘Tudo está ameaçado’

Zeca parece viver um momento mais introspectivo. Lamenta a falta de espaço para sambistas nas rádios e fala em tom triste que “não só o samba, tudo está ameaçado”.

Também conta ainda não ter visitado o amigo Arlindo Cruz, que voltou para casa neste mês depois de passar mais de um ano internado por causa de um acidente vascular cerebral (AVC).

“Não consigo. Arlindo é meu amigo de muitos anos. Quero que ele me telefone, me chame em casa para fazermos uma música. Essa é minha esperança.”

Voz de “Deixa a vida me levar”, hino do penta de 2002, ele diz não ter acompanhado o desempenho do Brasil na Copa do Mundo da Rússia, neste ano. “Prefiro nem assistir [aos jogos] porque acho que não dou sorte. Faço festa, fica todo mundo na sala e eu, na varanda.”

Sua alegria mais recente é outra, o musical que conta sua trajetória, em cartaz a partir deste sábado (14) no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.

“Eu nem sei explicar, fiquei tão apaixonado pela minha própria história… E ainda tinha tanta coisa. Se colocassem tudo, [o espetáculo] ia durar um mês.”

Dois atores interpretam Jessé – nome verdadeiro de Zeca. Sua vida é narrada como uma fábula, segundo o diretor Gustavo Gasparani, que também assume o papel do cantor na fase mais madura. Ele explica:

“É como se ele fosse o Macunaíma carioca, o herói suburbano.”

“Queria mostrar que, independentemente do sucesso, Zeca nunca deixou de ser ele mesmo, um representante da sua cidade”, completa Gasparani.

O único pedido do homenageado para o roteiro, diz o diretor, foi a presença na história de Baixinho, ex-caseiro do sítio em Xerém e hoje amigo próximo do cantor. “Nada sai como é, mas [o personagem] ficou mesmo com um toque de Baixinho”, diverte-se Zeca.

Mesmo sem o hábito de assistir a musicais de teatro, ele já viu o espetáculo três vezes. “Zeca Pagodinho – Uma história de amor ao samba” já viajou por Rio, Fortaleza, Recife, Salvador, Santos, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre. Em São Paulo, a temporada vai até 5 de agosto.