Do teen pop ao ativismo, Ariana Grande, Tinashe, Halsey, Kehlani, Camila Cabello, Lauren Jauregui e outras vão às ruas com cartazes de papelão contra racismo e enfrentam tiro e bomba.

Em sentido horário: Ariana Grande, Tinashe, Halsey com Yungblud e Kehlani em protestos de rua nos EUA após a morte de George Floyd — Foto: Reprodução / Twitter
Em sentido horário: Ariana Grande, Tinashe, Halsey com Yungblud e Kehlani em protestos de rua nos EUA após a morte de George Floyd — Foto: Reprodução / Twitter

Há alguns anos, elas encantavam o público teen com grupos vocais, novelas mirins e pop colorido e romântico. Hoje, vão para o meio da multidão com cartazes de papelão contra o racismo e enfrentam bomba de gás e bala de borracha.

Os protestos antirracistas após a morte de George Floyd ficaram tão grandes nos EUA que a presença de artistas não é surpresa. Mas, no meio das figuras conhecidas que pegaram suas máscaras e cartazes, o pelotão das jovens cantoras pop é um fenômeno.

Line-up

Ariana Grande, Halsey, Tinashe, Kehlani, Kali Uchis, Madison Beer e ao menos três ex-integrantes do grupo vocal Fifth Harmony (Camila Cabello, Lauren Jauregui e Dinah Jane), dariam um line-up concorrido de festival pop. Mas nos últimos dias elas estiveram nas ruas.

A cantora Halsey ajuda a prestar primeiros socorros a manifestantes feridos em Santa Monica, nos EUA — Foto: Reprodução / Instagram
A cantora Halsey ajuda a prestar primeiros socorros a manifestantes feridos em Santa Monica, nos EUA — Foto: Reprodução / Instagram

Elas se juntaram a outros artistas nos protestos, como os atores Anna Kendrick, Jamie Foxx, John Kusack, Cole Sprouse e Paris Jackson (filha de Michael Jackson), e cantores de outros estilos, em especial do rap, como Chance The Rapper, Swae Lee e Lil Yatchy.

‘Fomos apaixonados, fomos barulhentos’

Ariana Grande em protesto contra o racismo nos EUA — Foto: Reprodução / Instagram da cantora
Ariana Grande em protesto contra o racismo nos EUA — Foto: Reprodução / Instagram da cantora

Ariana Grande pegou sua máscara e seu cartaz de “Black Lives Matter” (vidas negras importam) e foi para a rua com um amigo, Doug Middlebrook, e o namorado, Dalton Gomez. Depois, compartilhou a mensagem da colega Tinashe sobre como o protesto foi pacífico, e acrescentou:

“Horas e milhas de protesto pacífico ontem, que teve pouca cobertura. Por toda Bervely Hills e West Hollywood, nós cantamos, pessoas buzinaram e celebraram juntas. Nós fomos apaixonados, nós fomos barulhentos, nós fomos amorosos. Cubram isso, por favor”, disse Ariana.

De girl groups a girl power

Tinashe, autora do post que inspirou Ariana (“A mídia não quer que você veja os protestos pacíficos”), começou a carreira no grupo teen feminino The Stunners, que abriu shows de Justin Bieber e teve o semi-hit “Bubblegum”. Hoje, ela é nome forte no R&B – e nos protestos – dos EUA.

Kehlani é outra jovem estrela do R&B que se engajou nos protestos. Ela também começou num grupo vocal adolescente, Poplyfe – fruto do reality “America’s got talent”. A cantora foi para a rua e ainda passou um pito na colega Lana Del Rey por compartilhar vídeos de pessoas saqueando lojas.

Halsey na linha de frente

Entre as cantoras de vinte e poucos anos que entraram nos protestos, ninguém passou mais perrengue que Halsey. É algo inusitado para quem viu a cantora franzina comandar uma legião de novinhos com seu pop esquisito no Lollapalooza SP em 2016.

Halsey, que se identifica como birracial, foi para linha de frente de um protesto em Santa Monica, na Califórnia, ao lado do ex-namorado Yungblud – que aliás, teria estreado no Brasil no Lollapalooza 2020, se o festival tivesse acontecido em abril.

A cantora contou que as pessoas que estavam ao seu lado estavam calmas e não provocaram a polícia. Mesmo assim, ela e seus companheiros tomaram tiros de borracha e bombas de gás, ela relatou. Halsey participou do grupo de primeiros-socorros.

“Não subestimem essas balas de borracha porque dizem que é ‘não letal’. Eu tive que enfaixar um homem que parecia que a cara dele tinha explodido hoje. Antes de você dizer, do conforto do seu lar, que estamos exagerando, por favor pense nos ferimentos que alguns tiveram”, disse Halsey.

Ela ainda deu dicas de materiais para ajudar no socorro aos feridos nos atos: “Álcool, desinfetante, gaze para sangramento excessivo, compressas de gaze antiaderente e fita médica, protetores para os olhos, compressas frias, neosporina, tesouras para ataduras, pinças e ataduras”, listou.

“E um grande agradecimento pessoal a Yungblud, que literalmente correu exposto na frente de tiros para arrastar pessoas para a segurança sem pensar duas vezes”, finalizou Halsey.

Fifth Harmony: presente

Quem ouvia as cantoras do Fifth Harmony cantarem o hit dançante “Work from home”, em 2016, hoje nota as fãs delirando nas redes sociais com a presença das artistas, hoje em carreira solo, nos protestos.

Foi uma presença menos dramática do que a da Halsey. A maior estrela, Camila Cabello, foi com o namorado, Shawn Mendes, a um protesto em Miami. Eles foram discretos, e nem postaram em suas redes, mas foram flagrados por uma repórter do Miami Herald e pela emissora de TV Local 10.

A mais empenhada foi Lauren Jauregui, que compartilhou dezenas de denúncias, pedidos de doações, mensagens de apoio e imagens dela no protesto. Dinah Jane também mostrou vídeos em um carro ao lado de manifestantes.

Lauren Jauregui em protesto contra o racismo nos EUA — Foto: Reprodução / Instagram
Lauren Jauregui em protesto contra o racismo nos EUA — Foto: Reprodução / Instagram

‘Please protest for Brazil’

As outras duas ex-Fifth Harmony, Normani e Ally Brooke, não foram vistas na rua, mas também postaram diversas mensagens de apoio.

Ally até compartilhou uma homenagem ao menino João Pedro, morto pela polícia, a pedido dos seguidores brasileiros. O “please come to Brazil” das fãs de música pop agora pode ganhar tons mais políticos.