Reforços no plantel das empresas Kondzilla e GR6, em concorrência no mercado de funk, incluem Lexa, Fioti, WM, Jhowzinho e Kadinho. MCs chegam a ganhar R$ 1 milhão adiantado para assinar.

O funk está em temporada de contratação nas últimas semanas. A disputa entre as duas maiores empresas do estilo em São Paulo, Kondzilla e GR6, desencadeia uma corrida para reforçar o plantel de cantores de cada escritório.

Os novos contratos são motivo de ostentação. A GR6 acaba de anunciar com festa treze novos MCs no casting, incluindo nomes já bombados como Jhowzinho e Kadinho (“Agora vai sentar”) e MC WM (“Fuleragem”).

A Kondzilla, com marca muito conhecida devido ao canal de clipes, mas um número menor de artistas, tem novos reforços pesados: Fioti (“Bum bum tam tam”), Lexa e MC Lan (que foram parceiros em “Sapequinha”).

O G1 apurou com empresários que MCs mais conhecidos chegam a ganhar mais de R$ 1 milhão em adiantamento para assinar. Essa quantia depois é descontada do rendimento de músicas, clipes e shows.

 — Foto: Divulgação e Arte G1 / Diana Yukari
— Foto: Divulgação e Arte G1 / Diana Yukari

Novo time ao vivo

Os novos reforços vêm da transferência de produtoras médias para as duas maiores. Com o fim da agência RW, por exemplo, a Kondzilla abocanhou os MCs Fioti e Lan. Já a GR6 ficou com Mirella e Gui.

Mas na leva divulgada nesta quarta-feira (9), com direito a transmissão ao vivo, a GR6 pegou um time inteiro. Ela passa a gerenciar treze artistas que vieram da produtora Play: WM, Jhowzinho & Kadinho, Leléto, Marks, Levin, GP, V7, Nando DK, Lipe, Samuca, Gege, Coruja e Dudu.

A Kondzilla já tem mais de 50 artistas em atividade e alguns ídolos nacionais como Kevinho, Kekel e Dani Russo. Já a GR6 diz ter mais de 240 MCs, e também nomes do primeiro time como Livinho, Hariel, Pedrinho, e Don Juan.

Este campo de batalha de contratos está em SP. Apesar de alguma presença no mercado de Recife, as produtoras paulistas não conseguiram dominar os mercados em ascensão como do Rio e BH, que ficam com agências locais.

MC Mirella, uma das artistas contratadas recentemente pela GR6 — Foto: Reprodução/Instagram
MC Mirella, uma das artistas contratadas recentemente pela GR6 — Foto: Reprodução/Instagram

Funk em jogo

A relação com o futebol não é só ilustrativa. Rodrigo Oliveira, 33 anos, dono da GR6, também trabalha com jogadores, como o atacante Pedrinho, que saiu do Oeste de Barueri, foi alvo do Corinthians, mas está no Athletico-PR.

Mas seu principal trabalho é com MCs mesmo. Rodrigo diz que a fama no funk e no futebol são os grandes sonhos de crianças na periferia hoje – e o caminho musical chega a ser mais visado que o esportivo.

A imagem do jovem que vai para a “peneira” do futebol também existe no funk. “Tem sempre dezenas de pais com seus filhos na porta da GR6 querendo uma chance para eles”, ele diz.

Embate acirrado

A disputa entre as duas empresas começou há dois anos, quando a Kondzilla, consagrada como produtora de clipes, entrou também no ramo de agenciamento de MCs. A GR6, surgida como agência, se viu ameaçada e investiu em seu canal no YouTube.

A GR6 cresceu em audiência com os vídeos de seus artistas, superou a concorrente e virou campeã nacional no número de vídeos nas paradas.

Mas a Kondzilla ainda é líder de assinantes e audiência geral, e reforçou seu casting com profissionais de publicidade na empresa, como o novo CEO, Fabio Trevisan. Agora, também enriquece sua lista de MCs.

MC Fioti, um dos reforços da Kondzilla — Foto: Divulgação
MC Fioti, um dos reforços da Kondzilla — Foto: Divulgação

Sorriso no rosto

“O funk era um mercado que não tinha esse profissionalismo todo, e hoje tem gente de ponta nas empresas, que tira essa cara da marginalização”, diz André Morrissy, gestor jurídico da GR6.

Ao mesmo tempo que é cada vez mais lucrativo, o funk ainda é o som da comunidade, de jovens pobres. “São artistas do gueto, e a música também passa a ter função social, de formação”, diz o advogado.

A música dá motivos de alegria e até um sorriso novo: muitos contratos com MCs iniciantes incluem ajuda aluguel, plano odontológico e até acompanhamento psicológico.

Para os que passam desta fase inicial, ainda pode chegar o faz-me-rir de um milhão…