Cantor se aliou a Maiara e Maraisa e gravou música de MC em 'Inovando'. Ao G1, ele fala sobre falta de parceria entre artistas baianos e plano de nacionalizar pagode.

Léo Santana, pagodeiro baiano que ficou conhecido nacionalmente ao apresentar seu “Rebolation”, ainda com a banda Parangolé, se arrisca em passos de funk e sertanejo no novo EP, “Inovando”.

A mudança surge em tempos, na opinião dele, desfavoráveis para o ritmo que lhe deu fama. “Hoje é quase impossível [começar uma carreira no pagode]”, diz ao G1. E completa:

“Não vamos ser hipócritas. A música da Bahia tem vivido um momento muito ruim. Não há um artista que fale que está tudo bem.”

O cantor, em carreira solo desde 2014, vendeu frango nas praias de Salvador e foi dono de uma barbearia antes de se tornar músico percussionista e, mais tarde, vocalista do Parangolé. Ele ficou no grupo por sete anos.

Léo Santana na capa do EP "Inovando" (Foto: Divulgação)
Léo Santana na capa do EP “Inovando” (Foto: Divulgação)

Nesse tempo, viu o axé e o pagode perderem espaço para o funk e o sertanejo, mesmo na Bahia. Ele elabora algumas teorias para explicar o fenômeno:

  1. “Hoje rolam algumas parcerias, mas antes elas eram raras. Faltou um artista ser mais parceiro do outro.”
  2. “Baianos valorizam muito as coisas de fora da Bahia. Vejo isso de forma negativa porque acaba menosprezando a música local.”
  3. “Alguns artistas acabam fazendo canções pejorativas, que denigrem mulher. Isso também atrapalha muito. Eles pensam que fazer shows em Salvador já é o suficiente.”

“Nunca pensei assim. Sempre quis invadir o mundo, queria ser o Michael Jackson”, diz Léo, que se vê como o último de sua geração a ser lançado no mercado baiano.

Tem que pensar no business

Para levar sua música para além do Estado, ele se aliou à dupla sertaneja Maiara e Maraisa, gravou uma música do cantor de black music Jhama (parceiro de Anitta em “Essa mina é louca”) e uma versão light do funk “Se eu tiver solteiro”, de MC Don Juan.

“Hoje é realidade que funk e sertanejo estão predominando. Não posso ser do contra, tem que pensar no business”, diz. “Mas sempre acho um jeito de envolver uma guitarra do pagode, um suingue do Léo Santana.”

Léo Santana em show em Goiânia (Foto: Divulgação)
Léo Santana em show em Goiânia (Foto: Divulgação)

O cantor ainda se considera um pagodeiro. “Meu método de shows é do pagode”, explica. Mas, pela experiência em outros gêneros, principalmente em parcerias – sua lista inclui ainda Kevinho, Wesley Safadão e Gloria Groove -. define-se como um artista “ousado”.

“É como Thiaguinho, que se renova, se permite cantar outros sons, coisas mais acústicas. As pessoas me conhecem através disso.”

“Inovando”, ele conta, surgiu em um momento em que finalmente se sentiu “maduro musicalmente” para “mostrar que pode cantar bem em outros ritmos”. Com a ajuda de gêneros mais populares, quer apresentar o pagode da Bahia a outros cantos do país.

“Alguns dizem que o Léo não toca mais pagodão. Acabam generalizando porque a mais escutada é a faixa sertaneja”, diz. “Mas é só prestar atenção, lá [nos discos e nos shows] também tem meu pagode. Precisamos colocá-lo em mais lugares do Sul, que não conhecem o ritmo.”