Disco 'Pra sempre' é a trilha sonora da união afetiva do cantor com Clebson Teixeira.

Cordas orquestradas pelo maestro Eduardo Souto Neto abrem o álbum Pra sempre, lançado hoje por Lulu Santos, sugerindo a trilha sonora de um amor de cinema.

As cordas são o prólogo de Radar, primeira música deste disco conceitual e autoral em que o artesão do pop brasileiro versa sobre o amor pelo modelo e analista de sistemas Clebson Teixeira, com quem Lulu está casado há um ano em união oficializada em abril deste ano de 2019.

Produzido pelo DJ Marcello Mansur, o Memê, o álbum Pra sempre celebra o paraíso do amor de Lulu e Clebson em músicas que exibem lampejos da luminosidade pop deste ourives da canção. Com potencial para hit radiofônico se o disco estivesse sendo lançado nos anos 1980 e 1990, décadas em que Lulu foi um dos donatários das paradas, Radar sinaliza o tom direto das letras.

Capa do álbum 'Pra sempre', de Lulu Santos — Foto: Divulgação
Capa do álbum ‘Pra sempre’, de Lulu Santos — Foto: Divulgação

Não espere a poesia pop(ular) de um Antonio Cicero ou de um Nelson Motta, parceiros de Lulu em outras estações do amor. Solitário na escrita das oito canções autorais que compõem o repertório, Lulu Santos vai direto ao ponto: o bem que ele, Clebson, faz ao último romântico.

Para o ouvinte que acompanha Lulu desde que o compositor foi empilhando joias do pop nacional a partir de 1981, amealhando tesouro das juventudes de seguidas gerações, canções como a música-título Pra sempre (gravada com evocação do acento black do R&B) e Tão real (com refrão insinuante da habilidade do pop) provavelmente soarão como mais umas de amor do autor.

Para Lulu Santos, elas talvez sejam momentaneamente as canções mais importantes de uma vida que, aos olhos externos, parece mais feliz desde que Clebson chegou.

Lulu Santos assina sozinho todas as oito canções autorais do álbum 'Pra sempre' — Foto: Leo Aversa / Divulgação
Lulu Santos assina sozinho todas as oito canções autorais do álbum ‘Pra sempre’ — Foto: Leo Aversa / Divulgação

Na onda dessa paixão, Lulu concebeu álbum íntimo e pessoal, para usar expressão-clichê pertinente para caracterizar disco cujas letras estão repletas de compreensíveis clichês e chavões românticos.

O teor de novidade do repertório não é alto pelo fato de o álbum Pra sempre já ter sido precedido pela divulgação das músicas Orgulho & preconceito (eternizada em single lançado em agosto de 2018), Hoje em dia (lançada em single em setembro de 2018 e ouvida em Pra sempre na gravação que faz o álbum se banhar na praia do reggae) e Gritos & sussurros (mostrada em dueto com Michel Teló, em 25 de setembro de 2018, na final da última temporada do programa The Voice Brasil). No disco, Gritos & sussurros reaparece sem a voz Teló e com o célebre toque da guitarra havaiana de Lulu.

Lulu Santos regrava música de Burt Bacharach e Hal David no disco — Foto: Leo Aversa / Divulgação
Lulu Santos regrava música de Burt Bacharach e Hal David no disco — Foto: Leo Aversa / Divulgação

De novidade, há o blues Ser ou não ser (Véi…) – gravado com o toque de músicos recorrentes na discografia recente do cantor, como o baixista Jorge Ailton – e a união de Lulu com o trio paulistano O Terno, responsável por armar a cama instrumental por onde sobe e desce a canção Lava.

A assinatura pop de Lulu é tão forte que a presença do Terno pouco sobressai em álbum feito basicamente com os beats de Memê e os teclados de Hiroshi Mizutani e Danilo Andrade.

Única música não assinada por Lulu, a canção The look of love (Burt Bacharach e Hal David, 1967) é diluída em atmosfera sintetizada. The look of love é tema lançado em trilha sonora de filme, Cassino Royale, e se ajusta ao conceito do disco porque, em essência, o álbum Pra sempre é a trilha sonora de um amor de cinema vivido por Lulu Santos com Clebson Teixeira com direito a todos os clichês do gênero. (Cotação: * * *)