Quarto disco do inglês só tem parcerias, de Bruno Mars a Eminem. 'No.6 Collaborations Project' é o pior trabalho da carreira, mas ainda tem bons momentos. Veja análise em vídeo.

Edward Christopher Sheeran lançou aquele que para muita gente, incluindo o G1, é o pior disco de sua vitoriosa carreira.

Mas ainda dá para pegar o recém-lançado quarto álbum do cantor inglês, “No.6 Collaborations Project”, e pinçar meia dúzia de boas canções.

As parcerias com Justin Bieber, Ella Mai e Skrillex, por exemplo, formam um top 3 de respeito para fãs de pop leve e largado.

Não é o caso de “South of the Border”, com Camila Cabello, Cardi B e uma latinidade enlatada que parece estar na moda. A música, ao lado de duas cantoras de carreira com bem mais erros do que acertos, é tipo uma “Shape of you” versão latina.

O álbum tem 22 convidados, de Eminem a Bruno Mars. Mas o destaque é o anfitrião. Ele se multiplica como costuma fazer em shows e nos três discos anteriores, com fórmula que chegou ao auge da popularidade em “Divide”, de 2017.

Todos os Ed Sheerans que você conhece estão aqui:

  • O rapper bobinho, que emenda rimas de jeito até meio atrapalhado, é o mais presente
  • O Ed romântico promete amor eterno em “Best Part of Me”, com a americana Yebba, em versos autodepreciativos (com “pulmões pretos”, “cabelos em queda” e “tatuagens desbotadas”, ele não entende por que é amado sem se amar)
  • O sedutor mais festeiro do que apaixonado também aparece, como nas parcerias com duas formidáveis novidades do soul inglês (Ella Mai) e americano (H.E.R.)
  • Tem o Ed que fala sobre curtir festas e um outro que diz estar de saco cheio de ir a tantas festas (“I Don’t Care”, com Bieber)

Ed, o Phil Collins dos nossos tempos

Ed Sheeran tem este talento de fazer um pop de playlist. As 15 novas músicas parecem feitas para ter uma vaga no maior número de listas possíveis no YouTube, Spotify ou Deezer.

Edinho está cada vez mais sem rótulos, mas ao mesmo consegue soar autêntico. O que é uma raridade. Mas chamá-lo de autêntico não é um consenso.

Há quem veja em Ed uma espécie de Phil Collins, disposto a concessões, melosidades, parcerias e diluições para falar com o maior número de gente possível.

A autenticidade de Ed tem a ver com o fato de ele sempre fazer shows sozinho. Ele transforma músicas tão diferentes (e, para alguns, genéricas) em performances voz, violão e efeitos.

Se os fãs do cantor tivessem que definir Sheeran com uma frase gritada em programas de auditório, não escolheriam “Lindo, tesão, bonito e gostosão”, algo ainda comum em shows teens. Ficariam com a costumeira “Quem sabe faz ao vivo”.

Ed Sheeran e Justin Bieber cantam em 'I don't care' — Foto: Reprodução/Instagram
Ed Sheeran e Justin Bieber cantam em ‘I don’t care’ — Foto: Reprodução/Instagram