Grupo americano que quase só usa vozes tocou em Curitiba e passa por Rio e SP. Ao G1, integrante também fala da vontade de experimentar churrasco, mesmo sendo vegano.

Três Grammys e vários discos de platina não foram suficientes para trazer o Pentatonix ao Brasil antes. O grupo à capella se formou em 2011 depois de vencer um programa de talentos da TV americana e estourou com versões de música pop e canções natalinas, mas só vai tocar por aqui agora.

Kevin Olusola, um dos cinco integrantes, explicou a demora. “Nós estávamos tentando nos firmar primeiro”, afirma ao G1, por telefone. O grupo passou por Curitiba e toca no Rio e São Paulo (veja mais informações abaixo).

No começo dos anos 2010, a música à capella e grandes performances em coro estavam em alta. Ela foi impulsionada por conta de séries como “Glee”, filmes da franquia “Pitch Perfect”.

No palco, Kevin, Mitch Grassi, Scott Hoying, Kirstin Maldonado e Matt Sallee fazem todos os sons das versões com a boca. Olusola se dedica bastante ao beatbox, batidas que dão o ritmo das versões, mas também toca violoncelo.

Na entrevista, ele fala sobre os limites de uma versão à capella e músicas que foram “impossíveis” para o grupo. Animação para estar no Brasil é tamanha que ele diz vai abrir uma exceção no veganismo e experimentar churrasco.

G1 – Músicas de qualquer estilo podem ganhar uma boa versão a capella? Qual é o limite? Tem algum?

Kevin Olusola – Depende da música e se ela funciona para o nosso estilo. Nós tentamos “Madness”, do Muse. É excelente, mas tem partes repetitivas e não funcionou pra gente. Tentamos de várias maneiras diferentes, mas não dava certo. A gente não necessariamente tenta soar como outros instrumentos, porque muitas vezes isso parece meio bobo.

Quando começamos, tentávamos imitar sons eletrônicos e coisas assim, mas percebemos mais tarde que isso não funciona para nós, porque não vamos conseguir competir com o som eletrônico. É por isso que sempre tentamos pegar a essência da música e torná-la bonita. Nós cantamos e é nisso que nos concentramos sempre que tocamos ou criamos arranjos novos.

G1 – Você lembra de outros casos de músicas que foram impossíveis de reproduzir?

Kevin Olusola – Teve uma da Taylor Swift, “We Are Never Ever Getting Back Together”. Ah, não. Era “I Knew You Were Trouble”. A gente tentou tantas vezes, mas não funcionou para gente. Músicas eletrônicas que não têm letra também são difíceis. Não conseguimos fazer muito bem, porque não conseguimos reproduzir esses instrumentos eletrônicos.

G1 – Como é o processo de escolha das músicas?

Kevin Olusola – Normalmente alguém traz a música, nós ouvimos, e se todos nós achamos que é uma boa opção para o grupo seguimos em frente. Normalmente sentamos em roda, eu faço o beatbox, Matt, o baixo e tentamos diferentes grooves. Uma vez que achamos um, nós começamos a experimentar diferentes harmonias e melodias.

A gente tenta fazer um pré-arranjo, que é um rascunho de como a versão vai ficar, e mandamos para nossos produtores. O trabalho ainda está bem no começo nesse momento, eles nos devolvem e vamos trabalhando nisso até sentirmos que temos o arranjo certo.

G1 – As duas músicas à capella que chegaram mais alto nas paradas foram “Don’t Worry Be Happy” (Bobby McFerrin) e “Tom Diner” (Suzanne Vega). Vocês gostam dessas músicas?

Kevin Olusola – Eu amo essa música, nós amamos. Bobby McFerrin é um dos artistas mais incríveis, as coisas que ele consegue fazer com a voz são realmente desconcertantes. A coisa mais incrível é que ele que fez a música. Ela é tão cativante, tão boa que ninguém se importa que é a capella.

G1 – E quais as dificuldades de fazer música pop à capella, com força para chegar às paradas?

Kevin Olusola – Curiosamente não focamos nisso, focamos em tentar criar uma base forte de fãs. Quando você faz muita música, você nunca sabe como vai ser a reação do público, com base nas paradas. Tenho certeza que existem artistas que pensaram que sua música seria uma, mas aquela que eles achavam que seria lado B é a que funciona com o público. Então é muito difícil prever.

G1 – Em qual medida os filmes “Pitch Perfect” foram importante para fazer os grupos à capella serem mais conhecidos?

Kevin Olusola – Foi super importante, mas são muitas peças diferentes que contribuíram para o gênero. Por exemplo, você tem “Glee” que exibiu coral e cantores e, em seguida, tivemos “Pitch Perfect” que globalizou a ideia do canto à capella.

Somado a isso, nós temos competições a capella, temos o “American Idol”. Então eu sinto que era um momento muito bom para um grupo como nós e ficamos muito felizes por isso.

G1 – Vocês lançaram recentemente uma versão de “Can You Feel the Love Tonight”. Por que essa música da trilha sonora de “Rei Leão”?

Kevin Olusola – Nós todos amamos essa música. Acho que todas do “Rei Leão” têm várias influências do teatro musical e nós amamos isso.

E também teve uma questão de timing, porque o filme estava saindo então foi perfeito para lançar nosso cover de “Can You Feel the Love Tonight”. Nós nos divertimos muito e o clipe ficou demais.

G1 – Vocês já estão na estrada desde 2011, mas esta vai ser a primeira vez no Brasil. Por que tanto tempo para vir?

Kevin Olusola – Essa é uma boa pergunta. Acho que nós estávamos tentando nos solidificar primeiro, porque a gente simplesmente não sabia como estar no mundo inteiro ao mesmo tempo. E então quando percebemos que tínhamos uma base sólida nos Estados Unidos, até porque começamos aqui, depois fomos para Europa.

Temos um tempo de estrada sim, mas estamos muito animados para esse momento [no Brasil]. Sempre vemos pessoas comentando “O Brasil ama vocês”, “Vocês precisam vir ao Brasil”. Acho que esse é realmente o momento perfeito, porque agora há um tom de febre para os fãs que tanto quero ver. Acho que essa é a hora certa para nosso show no Brasil.

G1 – Quais são as expectativas para os shows no Brasil?

Kevin Olusola – Esperamos ter uma experiência muito, muito incrível. Todos nós ouvimos que os fãs brasileiros são os mais loucos do mundo, que quando se está cantando eles cantam mais alto do que você. Você nem consegue se ouvir enquanto canta, porque eles estão muito animados. Então, estou realmente muito animado para estar no Brasil.

G1 – Você acha que a bossa nova é um bom estilo para uma versão a cappella?

Kevin Olusola – Olha, talvez… Eu não tenho certeza porque nunca tentamos, mas o ritmo é tão bonito que é algo que poderíamos pelo menos tentar e ver o que acontece.

G1 – Farão alguma homenagem à música brasileira nos shows daqui?

Kevin Olusola – Não sei, não pensamos sobre isso ainda, mas seria divertido fazer algo sim. Gosto muito da Anitta, ela é tão legal, talvez a gente tente alguma música dela.

G1 – Você está curioso para conhecer algum lugar específico no Brasil?

Kevin Olusola – Queremos conhecer o máximo possível, mas estou muito animado para provar o churrasco brasileiro. Ouvi falar que é muito bom. Sou vegano, mas vou abrir uma exceção por um dia.

G1 – Jura? Mas qual é a sua motivação para ser vegano?

Kevin Olusola – Eu assisti muitos documentários e li vários artigos que sustentam a ideia de o veganismo pode ajudar a construir uma vida mais saudável e até reduzir o risco de doenças cardiovasculares e diabetes, coisas assim.

Isso foi muito importante, especialmente para alguém que quer ser um performer por um longo período de tempo, como eu. Tenho que estar em forma e essa foi uma mudança muito incrível. Sinto que tenho mais energia hoje do que em qualquer outro momento. Foi uma grande mudança.

G1 – Além de Anitta, conhece outros artistas brasileiros?

Kevin Olusola – Olha não necessariamente artistas brasileiros, mas eu lembro que o Yo-Yo Ma [violoncelista] fez um álbum chamado “Obrigado Brazil”. É um álbum incrível, porque ele utiliza suas influências clássicas e junta com a música brasileira. Ficou muito legal e é um álbum fundamental para mim como músico com formação clássica.

G1 – Aliás, antes de entrar no Pentatonix, você já era músico?

Kevin Olusola – Não, não. Antes do Pentatonix eu não queria ser músico. Na verdade, eu era muito contra. Meu pai é da Nigeria e minha mãe é de Grenada então essa carreira não era a primeira coisa que eles pensavam para mim. Eles queriam que eu seguisse um trabalho mais estável, eu pensava em Medicina, mas acabei me formando em Estudos Asiáticos, por isso que sou fluente em chinês.

De qualquer forma eu cresci tocando e durante meu último ano em Yale um vídeo meu tocando cello e fazendo beatbox viralizou. Assim que a banda me conheceu e me convidou para estar junto com eles no programa da TV. Desde então, têm sido oito anos muito legais de uma carreira que eu nunca esperei.

Pentatonix no Brasil

Rio de Janeiro

  • Quando: 24 de outubro (quinta-feira)
  • Onde: Vivo Rio — Avenida Infante Dom Henrique, 85
  • Ingressos: De R$ 180 a R$ 340 no site

São Paulo

  • Quando: 26 de outubro (sábado)
  • Onde: Tom Brasil — Rua Bragança Paulista, 1281
  • Ingressos esgotados