Personagem de Giovanna Lancelotti sofrerá com a síndrome. Doença não tem causa específica e leva a paralisia dos membros.

A vilã Rochelle, personagem de Giovanna Lancelotti em “Segundo Sol”, enfrentará nos próximos dias uma doença pouco conhecida do público, mas grave: a síndrome de Guillain-Barré.

Em seu Instagram, ela comentou sobre a experiência com a personagem: “Essa semana começa uma nova fase na vida da Rochelle. Acredito que na da Giovanna também. Esse processo foi muito intenso e transformador pra mim. Sempre bom deixar claro que eu não acredito que doença seja “castigo” pra ninguém. Aliás, conheço pessoas muito BOAS que passaram por traumas e superações lindas, mesmo “sem merece-las”. Acredito que qualquer obstáculo, decepção ou até doença, vem pra ensinar. A busca é transformar, superar e evoluir com isso. Vem pra fortalecer laços antigos.. E criar novos! É isso que estou tentando passar nessa reta final: ESPERANÇA!”, escreveu.

A atriz disse ainda que recebeu diversas mensagens de pessoas que já tiveram a síndrome: “Vocês não tem IDÉIA do QUANTO me ajudaram e incentivaram com isso. Gratidão e respeito MÁXIMO por vocês e pela garra para enfrentar esse desafio”.

A doença não tem uma causa única estabelecida, mas sabe-se que algumas condições podem precipitar uma reação imunológica e essa reação “agredir” o sistema nervoso.

“Particularmente a capa dos nervos, que chama mielina. Essa mielina se descola do axônio. É como se fosse um fio desencapado e leva o paciente a apresentar alterações quer sensitivas e/ou motoras”, explica o neurologista Osvaldo Nascimento, da Universidade Federal Fluminense.

Quais são os sintomas?

Os sintomas costumam ser motores. Na maioria dos casos, tem caráter ascendente, ou seja, começa pelo pés, “sobe” para as pernas e posteriormente atinge os braços. Há dificuldade para andar e manusear objetos.

“Podendo chegar a paralisia da face, em que o indivíduo fica sem expressão facial”, explica Nascimento.

Os sintomas sensitivos também podem estar associados à síndrome e podem ser desde dormência nos pés ou pernas e mãos, até mesmo dores distribuídas nestas regiões.

Qual a causa?

Algumas condições podem precipitar uma reação imunológica e essa reação “atacar” o sistema nervoso, mas não existe uma causa específica.

Qual a relação com o zika?

O Brasil registrou alguns casos de Guillain-Barré associados a infecção pelo vírus da zika. O zika altera o sistema imunológico e, em alguns casos, esta alteração ataca o sistema nervoso levando a Síndrome de Guillan-Barré.

Mas Osvaldo Nascismento alerta: “Muitas pessoas apresentaram infecção pelo vírus zika e nem todas, apenas um percentual muito pequeno, acabou desenvolvendo a síndrome de Guillain-barré e outras complicações neurológicas relacionadas”.

Como é feito o diagnóstico?

Não há um teste específico para o diagnóstico. Nascimento explica que síndrome é um conjunto de sinais e sintomas. No caso da Guillain-Barré, estes sintomas são clínicos nos primeiros dias, ou seja, não aparecerá em exames. Por isso, é difícil diagnosticar a síndrome.

“O médico precisa estar atento a isso, ao reconhecimento clínico. O neurologista tem uma intimidade maior com o diagnóstico, mas é importante que se considere que este paciente vai procurar a emergência, então é importante que o profissional da área de saúde tenha o conhecimento para ajudar a reconhecer e com isso direcionar para o tratamento médico adequado”, diz Nascimento.

Exames que podem ajudar

O exame do líquido da espinha (líquido cefalorraquidiano) pode ajudar, mas somente após alguns dias: “As alterações vão surgir 10 dias, uma semana depois, quando há um aumento das proteínas no líquido. As proteínas ficam muito elevadas com as células normais. Essa dissociação: muita proteína, pouca célula, ajuda no diagnóstico”, explica.

Postariormente as alterações da condução nervosa também podem ser avaliadas. O exame de eletroneuromiografia, conhecido como os pequenos choques nos braços e nas pernas, acaba mostrando alterações indicativas de lesão da mielina.

Como é feito o tratamento?

O tratamento vai depender da situação clínica do paciente. Em alguns casos, o paciente pode ter paralisia da musculatura respiratória e alterações do ritmo cardíaco e precisa ficar internado da Unidade de Terapia Intensiva.

Geralmente, o tratamento é feito com imunoglobulina ou plasmaferese.

“A imunoglobulina é administrada durante 5 dias e se aguarda a resposta clínica. Se isto não resolve, pode-se tentar, como é feito em alguns lugares do Brasil, a plasmaferese, ou seja, é quase uma troca do plasma para os anticorpos que não estejam envolvidos com a doença”, diz Nascimento.

Como é a recuperação?

Segundo Nascimento, a maioria dos pacientes tem uma recuperação completa após o tratamento.

“Cerca de 15% dos casos podem deixar alguma sequela e 5% podem chegar ao óbito por causa da gravidade, são muitas alterações a nível respiratório, cardíaco, permanência na UTI. Morre-se até mais por complicações e infecções intercorrentes”, explica Nascimento.

Fisioterapia

A fisioterapia tem um papel importante para os casos mais graves da doença, especialmente os que precisam de internação na UTI.

“A fisioterapia serve para evitar que não haja atrofia muscular, que se mantenha a motricidade das pernas e dos braços, mas só fisioterapia não resolve o problema”, diz Nascimento.